12/04/2009

RIOS DO INTERIOR

Com o conjunto de poesias intitulado Rios do Interior, o autor alcançou o XVI Prémio Nacional de Poesia de Fânzeres,
Desta obra publicada, em 2005, com a chancela da Junta de Freguesia da Vila de Fânzeres, apresentamos este poema, aliás o que vem, como primeiro, na página 7.


Não sei como hei-de começar,
se com a alma, se com a lonjura do tempo.

Através dos meus rios mais profundos,
sei que tenho de remar para mais além.

Penamacor, lobos e amêndoas, tudo num cristal
aprisionado como um moscatel ou um alvarinho.

Deixarei os remorsos, as figueiras, as interrogações,
e crescerei nos versos que me servirem de aconchego.


As poesias são antecedidas por um texto introdutório do Exmo. Presidente da Junta de Freguesa de Fânzeres, o sr. Ernesto Augusto.

02/02/2009

OBRA INÉDITA - 5

Com o livro inédito intitulado Fascínios do Infinito, no Prémio de Poesia Raúl de Carvalho, promovido pela Câmara Municipal do Alvito, em 1997, o autor arrecadou uma Menção Honrosa.
Deste conjunto de poesias retiraram-se os primeiros versos:
 
I
Vede aqueles navegadores
que lançaram raízes de luz
na proa
dos dias negros

Reparai nos outros marinheiros
que plantaram histórias
nuvens e mitos
nas faúlhas do nosso espanto

Olhai os nautas
que semearam credos
mares e silêncios
no goto
das proezas transparentes

01/02/2009

COLECTÂNEA - VI

Na publicação O Sonho Também se Agarra, da Junta de Freguesia de São Domingos de Rana, editada em 2005, saiu um poema agraciado com Menção Honrosa nos IX Jogos Florais patrocinados por esta Junta autárquica.
E aqui está o referido poema:

DESEJAR

Na pátria dos embondeiros
da fome e das lágrimas
um miúdo come grãos para enganar a fome

Na terra grande dos canaviais
das danças e dos elefantes
as bebés são um mau presságio na casa.

No reino das palmeiras
das folias e das favelas
os rapazes são mortos nas madrugadas

Na grande nação dos bambus
dos arraiais e das porcelanas
um filho jamais pode ter um irmão

No país dos vidoeiros
das preces e dos gansos
um rapariguinha queima fósforos
para se aquecer

Apenas pelo território da alma
do azul e do sangue
os poetas anunciam que o sonho também se agarra!

28/01/2009

OBRA INÉDITA - 1

Com o conjunto de poesias intitulado Estações Incompletas, o autor foi o vencedor da 6ª edição do Prémio Nacional de Poesia "25 de Abril", em 1996. Do juri fizeram parte os poetas Fernando Miguel Bernardes e José Manuel Mendes (em representação da Associação Portuguesa de Escritores) e do João Rodil (historiador e poeta, em representação da autarquia).
Desta obra apresentamos o seguinte poema:

Já desceram algumas pétalas com o tempo.
E os deuses nem irão saborear a angústia da noite
na paisagem que espera o verão.

Soube que pelas nuvens
já passaram os mares e os rios,
sem ninguém saber!

E logo que surgirem as rédeas invisíveis
da alma,
como acontece sempre em Abril,
haverá sensualidade a desejar o infinito.

OBRA INÉDITA - 2

No Prémio Nacional de Poesia Maria Lamas, de 1996, patrocinado pela Câmara Municpal de Torres Novas, foi atribuído uma Menção Honrosa ao conjunto de poemas intitulado Impulso Fechado. Fizeram parte do juri o Dr António Mário Lopes dos Santos e o Dr Luís Rosa (representantes da Edilidade e das Letras do Município), e o Eng. Miguel Bernardes (em representação da Associação Portuguesa de Escritores).
Desta obra ainda à espera de sair em livro retirou-se esta poesia:

Nunca imaginei um poema
com incenso nas palavras
e que necessitasse de panchões à proa
como os barcos
zarpando em festa

Nunca descobri
nos impávidos olhares dos deuses
a súplica do sândalo

E nunca a imensidão do mar
chegou para me saciar
a alma

27/01/2009

OBRA INÉDITA - 3

A Câmara Municipal de Torres Novas organiza e patrocina o Prémio Nacional de Poesia Maria Lamas. E, em 1997, o jurado deste certame distingue, com Menção Honrosa, o livro de poemas Penumbras da Memória.
Deste volume de poesias inéditas o autor escolheu também a da primeira página:

O poeta começou a rasgar a sua poesia
em palavras e sílabas
espaços e letras
vírgulas e pontos
que andavam nas mãos do vento

o poeta recolhia depois todos os poemas
nos lados das montanhas
suspensos nos degraus da chegada
e ainda retirava à água o rolar do coração

só agora leva muitos pássaros à Lua
onde o Sol repousa a cabeça
e as canções deixam saudade

o poeta coloriu então duas linhas
uma a castanho
e a outra a cinzento

na primeira colocou os dias
que magoavam os braços

com a linha cinzenta
prendeu os dias
de fazer os dedos tristes

quando as estrelas chegarem a casa
o poeta dá atenção ao murmúrio das páginas
à voz profunda das mãos

e no fim
nos corredores das musas
beberá a forma de trazer o diadema
de cada poema

26/01/2009

OBRA INÉDITA - 4

No ano de 1999, concorreu para o V Premio Nacional de Poesia Guerra Junqueiro, com um origial a que deu o título de Variantes do Olhar, e foi agraciado com uma Menção Honrosa. Este Prémio é patrocinado pela Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta. O conjunto de poemas ainda se encontra inédito.

Deste livro extraiu-se a primeira poesia:

Verso a verso, tomai este livro
até encher a alma de acácias com flor!

Há-de acabar o Sol um dia,
numa explosão inaudível aos ouvidos.

Por enquanto, na esquerda do meu peito,
agarro o prenúncio desse abismo.

25/01/2009

COLECTÂNEA - V

A Livraria Ideal de Guimarães, no ano de 1993, compilou e fez publicar a Antologia Poética de Autores Vimaranenses, prefaciada pelo poeta Barroso da Fonte, que também a integrou, na qual saíram quatro trabalhos. Podemos ler aqui, desta coletânea, também este poema:


HOMEM DO MAR E DAS ILHAS

É teimoso o marinheiro
quando pesca sonhos ao mar;
arado-poema-celeiro
em que sempre pensa voltar!

Maresia
em (redond)ilha
nas horas brancas da vida;
a morada
é a (qu)ilha
na míngua
doutra partida!

Homem-barco
homem-luta,
sal esperança,
mar em disputa.
Tanto mar e todo herança!...

Ribeira Grande, Açores.
1984.

24/01/2009

COLECTÂNEA - IV

Pelas Edições Orpheu, na III Antologia de Prosa Poética Contemporânea, de 1991, fez sair dois textos, ao lado de outros 42 autores. A coordenação desta publicação coube a Ângelo Rodrigues.
Leiamos parte de um dos trabalhos intitulado Aventura Duriense:

Um mapa ilustrado debate-se desde Miranda do Douro até ao mar; todavia, a meio do caminho, já obedecem outros mostos. O vinho tenta-se num grau excelente e dificilmente a opinião pode ser mudada no corredor das gerações. E há sempre um penhasco rochoso impossível. No entanto, são as encostas, o valado, a cepa, o cacho, o lagar, a pipa, a garrafa e o cálice, o texto das ideias.
Aqui marcaram presença braços vindos da Galiza num quando azul distante. No calendário que dispomos destaca-se a efervescência britânica. Agora floresce uma presença de Espanha. finalmente, surge arremetida nipónica. Desta forma, relata-se a comitiva do tempo.
Nem tudo aparece na  convicção dos adubos, no domínio dos herbicidas no êxito dos sulfatos e nas ambições do enxofre. A audácia vale o socalco.
De acordo com o testamento o carro de bois torna-se primogénito. Duma autenticidade nativa desliza o rabelo pelos intervalos do sonho. Como o próximo navio nascerá daqui a várias luas os éditos vigorosos possuem o nome de cisternas. E o caminho-de-ferro manifesta a sua importância.
Qual será a filoxera na composição do presente? Ninguém sabe! De qualquer modo circunda o prelúdio de um desenvolvimento.

23/01/2009

EM COLECTÂNEAS - III

Em Janeiro de 2008, viu a sua poesia ser também incluída no livro intitulado Douro Leituras II, uma antologia de textos sobre o Alto Douro, com edição pelo Museu do Douro. A seleção e organização desta obra coube ao notável poeta transmontano António Manuel Pires Cabral.
Eis aqui um dos poemas escolhidos:

OS HOMENS E OS RABELOS

Os homens e os rabelos
bebem o Douro e o repouso
que escorrem das barragens e das serras

Ao rever os mesmo barcos
lapidados pelas arestas desta alma
ou pelos encantamentos das arribas
fiz o tempo saber também a vinho

E no feitiço do leito

onde cavalgam pequenas ondas
as aves predadoras contornam o Sol
nos sábados de quebranto
até ao regresso de outra sede

Depois um homem que já abraçou a tarde
tudo faz para trazer uma noite de estrelas
para a casa implantada no luar

21/01/2009

EM COLECTÂNEAS - II

Em 2006, integrou a antologia Poetas de Sempre, que é publicada pela Editora Cidade Berço (Guimarães), com a coordenação do dr. Barroso da Fonte, um conhecido escritor, jornalista e investigador, também com várias publicações no domínio da poesia.
Neste volume inclui alguns dos meus poemas distinguidos em jogos florais e noutros certames literários.
Aqui deixo o soneto que saiu nesta colectânea:

Portado da Saudade

Atravesso o Portado da saudade
crendo no Sol crendo no teu rosto
com versos lavrados dentro do pranto
dentro do silêncio que sabe a mosto

Metáfora de sonhos feitos de ouro
e sem mais requisitos de abandono
Outubro já nem é Outubro quando
sinto a alma ser outra vez Outono

Ó terra de searas e liturgias
onde o canto prende e dá a liberdade
e o fervor do sangue ferve até ao rubro

no amor de sofrimento e nostalgias
de coisa breves como a eternidade
com que visto a vida que descubro

Esta poesia foi distinguida com o 1º Prémio nos Jogos Florais de Outono
(Novembro de 1996), em Reguengos de Monsaraz.

20/01/2009

EM COLECTÂNEAS - I

CARROCEL DE NÓS
Em 1994, integra a coletânea intitulada Carrocel de Nós. Esta publicação foi coordenada pela profª. Drª Conceição Vilhena, que aglomerou vários trabalhos de estudantes universitários. Este livro foi editado com a chancela da Universidade dos Açores.
Desse conjunto de poemas retirou-se o seguinte:

O RELVAS, O PESCADOR

O Relvas tem um crime
nasceu à beira mar
e o pai é pescador.

Não pode já ver o mar, mas ama-o!

Quis estudar,
todavia as quelmas
vieram encerrar-lhe o caminho do sonho
de Maio a Setembro.

Pois o mar chamava-o pelo nome,
desde há muito tempo!

É com o mar
que veste as calças de cotim e,
por cima da camisa,
o casaco de pano cru.


O mar é um grito, um canto amargo
e o Relvas que lhe pertence!

A cor do barco é branca
e tem um tira azul,
tem um nome, um pregão,
uma revolta, um apelo
e tem a mulher e os filhos do Relvas.

Há-de resistir-lhe um dia
e até o sal verá:
mas, o Relvas tem um crime...



19/01/2009

O MOSTO E AS FRAGAS

Em 2002, a Editora Espiral Maior, Corunha (Galiza) editou o livro O Mosto e as Fragas, com o nº 93. Este livro premiado no XVIII de Poesía Cidade de Ourense, foi apresentado no salão nobre da edilidade de Ourense, por Teresa Devesa Graña, elemento do juri. Fizeram também parte do jurado os poetas António Manuel Pires Cabral, Miguel Tabuyo Romero, Miguel Anxo Fernán-Vello, os escritores D. Xoán Antonio Outeiriño Muñoz e D. Enrique Bande Rodrigues. Entretanto vim a saber que com este galardão, noutras edições, foram distinguidos estes poetas portugueses: Eduardo do Nascimento com Pedaços Do Meu Tempo; José Jorge Letria, em 1990, com Os Achados Da Noite; e, Isabel Pulquério, em 1991, com, com Poemas de Alma e Sol.

O livro abre com esta poesia:


Vou dependurar cações nos freixos
como quem fala de metamorfoses e de rostos
de prantos e cigarras

Vou encher-vos a alma de montanhas e de preces
de valados e de muros
de ladainhas de cânticos
de rios e de barcos submersos no silêncio

depois adivinhar-se-á um arraial a transbordar os olhos
uma fome angustiada
com as arribas suspensas na garupa dos fascínio
para remir a voz alcandorada na Verão

DEZASSEIS POEMAS DE CIRCUNSTÂNCIA

O conjunto de poesias com este título Dezasseis Poemas de Circunstância arrecadou o 2º Premio no Certame Literário Galego-Portugués "Camiño Portugués", no Ano Santo Jacobeu de 1993. Esta obra foi edição de autor Setembro de 2002.
Do jurado do Prémio fizeram parte: D. Salvador Garcia-Boaño Zunzunegui (Presidente do Pedrón de Ouro); D. Xosé Ramon Fandino Veiga (Membro do Pedron de Ouro),D. Rubén Camilo Lois Gonzales (Conselleria de Relacionis Institucionais e Portavoz do Governo da Galiza); Dr. Joaquim Santos simões (Escritor e representante do Concelho de Guimarães); Dr. Artur F. Coimbra (Núcleo de Artes e Letras de Fafe, e representante do gabinete de imprensa de Guimarães); D. Luis Obelleiro Pinón (Representante do Concllo de Soutomaior - Galiza); D. Miguel Anxo Fernán-Vello (poeta, editor e representante dos escritores de Língua Galega), D. Avelino Pousa Antelo (Representante do Pedrón de Ouro); e D. Gustavo Santiago Valência ( Representante do Pedrón de Ouro).
Eis a primeira poesia desta obra:

Prometo que levarei uma estrela
para refletir o próprio rosto
no colorido de Julho

Prometo que todo o meu corpo

se embebedará de luz
debaixo do chapéu largo e castanho
e com o sabor a Domingo

Prometo que estas mãos

deverão respirar a angústia
e toda a peregrinação
que percorre este sangue quente

Prometo que os meus olhos

beberão os rios e as ribeiras
os riachos e as fontes
até a alma sossegar