07/07/2013

tempo de sempre

A obra "tempo de sempre" é uma extraordinária coletânea de José Salgado Almeida, constituída por fotografias, ilustrações e poesias, relacionadas com Guimarães de 2012, ano em que foi Cidade Capital Europeia da Cultura.
Neste livrinho, apresentado ao público em 6 de junho no salão nobre do Museu Martins Sarmento, encontramos um poema do autor deste blogue: ei-lo:

Trago-vos a veiga num braçado de versos
que sobem pelo verde silencioso
por um punhado de árvores
de recantos de alecrim de regatos
de suor  de chilreios e totens indistintos.

Mas quando a noite chega temos a panela com favas
alface roxa para duas tigelas de esmalte
três cebolas na saca  com couves galegas
framboesas para 4 taças de vidro
tomate para os vizinhos e para a ceia de arroz carolino
e tudo rendilhado no ombro exausto do cabo da enxada.

06/04/2013

Quando os tordos acordaram
"Quando os tordos acordaram" é o título de uma poesia que integrou a antologia «Bestiário Trasmontano e Alto-Duriense» assinada José Eduardo Teixeira, com edição de março de 2013, pelo Grémio Literário Vila-Realense. Esta publicação teve a organização do escritor António Pires Cabral.

Quando os tordos acordaram
a terra implorou as tempestades
o baile da charrua
e o meu lenço de seda e nostalgia
que esconde o suplício do suor

Chilreiam outros pássaros nos álamos
o curral tem mais cordeiros
sementeiras e melodias tristes

As cruzes pedem sulfato
quando estes braços já estão cansados

As cruzes resistem nos valados
mas não retardam as trovoadas
nem afastam o farinhato

Agora estes socalcos bebem sol
e eu não aguento mais uma tropilha de pragas
polvilhando os olhos